O mercado de arte não tem nada a ver com arte
Nossa dica de leitura:
O Economista Don Thompson usa venda recorde de uma obra de Damien Hirst para analisar a força das marcas traçando um panorama atual do mercado das artes.
Thompson decidiu pesquisar por um período de um ano, percorrendo museus, galerias e leilões, como está o mercado, qual é o rumo que está tomando e também tentar entender como os grandes compradores de obras de arte olham para suas aquisições.
Um dos motivos que fizeram Thompson escrever sobre este tema é a grande alta nos preços das obras de arte nos últimos anos, muitas vezes gerando polêmicas sobre o valor pago.
A cada leilão das casas Sotheby's ou Christies's, valores milionários são alcançados na venda de obras de arte, como US$ 119 milhões (R$ 244 milhões) para a pintura "O Grito", de Edvard Munch, mas o principal caso que fez muitos estudiosos quebrarem a cabeça para entender os rumos que estamos tomando foi a venda, da instalação “A Impossibilidade Física da Morte na Mente de Alguém Vivo”, produzida em 1991 pelo artista inglês Damien Hirst, famosa por ser composta por um tanque de formol com um tubarão-tigre empalhado e mergulhado dentro dele.
Trata-se de O tubarão de 12 milhões de dólares – A curiosa economia da arte contemporânea, livro lançado em inglês há quatro anos e publicado no ano passado aqui no Brasil pela Bei. No original, o título era mais completo: O tubarão de 12 milhões de dólares – A curiosa economia da arte contemporânea e das casas leiloeiras.
O que acontece? O mundo das obras de arte controvertidas, como cadáveres de animais ou dejetos humanos apresentados como esculturas – tudo coisas que a esmagadora maioria das pessoas e mesmo a maioria dos conhecedores de estética não considera realmente artísticas, na verdade é um mundo de umas poucas pessoas no mundo inteiro, talvez mesmo apenas alguns milhares de bilionários, entre colecionadores e investidores, poucas dezenas de donos de galerias e casas leiloeiras célebres internacionalmente, mais algumas centenas de artistas e de críticos de arte, estes últimos, aliás, pouco influentes.
No livro, Thompson usa o caso para analisar os negócios da arte com uma terminologia recorrente do mercado de luxo: A marca.
Para ele, o preço foi conseguido porque o galerista Larry Gagosian intermediou a venda da peça, então pertencente ao colecionador Charles Saatchi.
Os nomes, por sua importância, viram marcas e agregam valor à obra: Gagosian é o galerista mais influente da atualidade, e Saatchi, o colecionador mais importante do Reino Unido; Graças a essa lógica, o mercado de arte usa as "marcas" para alavancar o preço de uma obra, que, por si só, não alcançaria grande valor.
O autor analisa o sistema a partir de depoimentos e da sua vivência, já que, além de economista, ele se apresenta como colecionador, em alguns momentos, suas opiniões beiram o comum. Como quando afirma que as feiras de arte são "um tipo de experiência parecida com a de um shopping Center".
Contudo o melhor do livro são as histórias de bastidores das casas de leilão e do cotidiano das galerias. Tem capítulos especiais sobre os artistas Andy Warhol e Francis Bacon, além de um delicioso capítulo sobre o mundo algo falastrão dos grandes críticos de arte.
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Livro: O Tubarão de 12 Milhões de DólaresEditora: BEIAutor: Don ThompsonISBN: 978-85-7850-086-3Ano de Publicação: 2012 |
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